segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Serra da Freita

Desta vez os mancos do costume do BIKE17ECO, Eu, Pimenta “Saca Saca” e o representante de Ermesinde, Sérgio “Fugas”, infelizmente o outro representante da terra, o Trepador, não pode vir, fomos até à Serra da Freita , serra essa acerca da qual já muito tinha ouvido falar mas não conhecia.

Arranque já tardio mas mesmo assim ainda com um frio de rachar, lá arrancamos do Refúgio da Freita, para logo entrar num dos diversos trilhos cheios de água que serpenteiam aquelas montanhas, sempre a passar por diversas quedas de água e poder apreciar as espectaculares paisagens montanhosas e agrestes, que na voz de Guerra Junqueiro é: Terra ingrata onde a urze a custo desabrocha, bebendo o sol, comendo o pó e mordendo a rocha.

Chegados à primeira subida, não sem antes eu já andar a meter ar no pneu pois estava furado, olhei para os meus dois companheiros e pensei: - Bem, o Saca Saca com a sua máquina nova, põe-se já a andar e o Fugas vai atrás dele, eu vou ficar para trás… a tirar fotografias.
Pois, nada mais me iria surpreender do que ver o Fugas a fazer jus à alcunha e a fugir serra acima com o Saca Saca no seu encalço, eu claro fiquei para trás… a tirar fotografias, nessa parte não me enganei.

Na primeira chegada ao cume, troquei a câmara de ar, pois já estava novamente vazia (foi isso que me atrasou na subida), e seguimos viagem, por entre os Aerogeradores habituais e podemos verificar que tanto a flora como principalmente a geologia daquela região é muito própria e diferente do habitual chegando mesmo a entrar nos meandros do estranho, para os amantes de metassedimentos, Grauváquico ante-Ordovícico, Silúrico, granitóides, plutonitos, corneanas, pelíticas e tardi-hercínicas, parece que aquela serra é o paraíso.

Ainda na descida demos com a típica Aldeia do Cando, toda com telhados de lajetas de xisto, onde fomos amigavelmente recebidos pelo bobi da aldeia. E à saída encontramos no meio da estrada uma cobra, que deu para fazer o nosso momento discovery, com três morcões do Porto a tentar apanhar uma cobrinha de 30 cm.
Nesta altura estávamos a descer por estrada, quando o Saca Saca, mortinho por pôr a máquina nova a funcionar, queixou-se da meia dúzia de km´s que estávamos a fazer por estrada, quanto mais rápido ele falava, mais rápido eu lhe mostrava o trilho íngreme à esquerda que subia a serra até ao cume, onde íamos voltar.
Foi vê-lo a empurrar a Scott pelo trilho acima, (bem pelo menos de empurrão ficou bem testada).

Depois da 2.ª chegada ao cume, descemos por uns planaltos, também cheios de água, com bastante gado (tanto ovino como bobino) a pastar, passamos também por algumas ruínas, uma anta, (só eu é que a vi) e ainda por umas pontes, tudo com ar megalítico, até chegarmos ao ex-libris da região as Pedras Parideiras na aldeia da Castanheira, e logo em seguida ao miradouro para a cascata da Frecha da Mizarela.

Ora como isto ficava a escassos km`s do carro e o passeio por mim ainda estava longe de terminar, informei os meus companheiros que a minha ideia era descer até ao fundo da frecha, rezar para que exista ponte para atravessar o Rio Caima e subir do outro lado. Até aqui tudo bem o mal é que dava para ver do outro lado a estrada que eu queria subir e era toda a pique.
O Saca Saca, quis-se cortar “há e tal já é tarde e aquilo é muito a subir”, mas como somos democráticos e era Eu e o Fugas contra um, lá fomos. O mal é que o trilho para descer era tipo labirinto, e em cada entroncamento tínhamos que decidir, esquerda ou direita? E decidimos (eu) mal, duas vezes e ficamos sem saída. E lá teve que ser o Puro BTT, descer a serra aos tombos com as bikes de rastos, até chegar ao fundo da frecha, onde (felizmente) havia uma espécie de ponte (com carga máxima para 3 pessoas) que deu para atravessar para depois subir a “parede” do outro lado até ao topo, a pedalar poucos metros, o resto foi de empurrão.

Para mim uma zona a descobrir novamente, paisagens invulgares com bons trilhos e muito para descobrir, um dia a repetir com certeza.

Foram cerca de 40 km, com 1100mts de acumulado, não apanhamos chuva, mas acho que nunca pedalei tanto dentro de tanta água.





Pedro "Trilhos"




Download deste Trilho

3 comentários:

Joao Mouteira disse...

Matolas: uma crónica à tua medida, ou seja sincera e a direito.

Familia Quintans Guimarães disse...

entao e que tal em fevereiro uma saida la com a malta do questume?

Trepador disse...

Basta eu faltar aos treinos e estes três artistas metem-se logo em aventuras geo-cultura-natura-cientifico-puro BTT para não variar.... não havia necessidade!!!
E aquela ponte nunca mais vai ser a mesma depois da passagem deles!
Local a continuar a explorar concerteza mas com a ajuda do meu precioso sentido de orientação claro.

PS. O autor desta crónica devia ser nomeado para um prémio pullizter das crónicas tal a qualidade da informação divulgada.